sábado, 27 de fevereiro de 2010

chegámos tarde
muito tarde
(depois das tristezas)

e se há coisas que aprendemos
é que os erros ortográficos
até se podem tornar insignificantes
se fazemos coisas de amor
cheios de sono
e com afundações de trabalho

se dissemos as palavras erradas
foi porque não as havia certas

são mais ou menos onze
e não me perdi
e mesmo assim sou muito tua

a cerveja sabe-me bem
e o vento não me incomoda

contemplo estações
contemplo comboios

guardo na minha gaveta
um monte de textos
de alturas em que fui menos eu

deito-me com pouca política

mas deito-me com o coração apertado
num sentido bom e não num sentido mau

a cerveja sabe-me bem
e tudo é bom de exisitir

não preciso de ler poesia
para me comover com as mudanças de tempo

e não é a chuva que me fecha em casa
e não é sem mim que me encontro

e é comigo que me deito
e é comigo a música
e é comigo o sumo de laranja
e é comigo o assobiar
e é comigo o eléctrico
e é comigo o último fósforo

e é para ti o meu comigo
mas só as vezes suficientes e saudáveis

e a cerveja sabe-me bem
e o vento não me incomoda

e agora meto-me no carro
e deixo-me adormecer sem ver os cometas

1 comentário:

fernando machado silva disse...

http://donnemoimachance.blogspot.com/2009/10/poema-de-futuro.html