domingo, 2 de novembro de 2008

Carta branca na rua dois

parece-me que adoro escarafunchar nas próprias feridas.
-junta-te a mim

(sorriso)

manda-me músicas
manda-me dormir
manda-me músicas
manda-me cartas
canta-me um fado na rua mais perto.
não te repitas
não te refaças
não me revejas
não me adivinhes
não me adivinhas.

agora como chocolate.

mas se não me falas.

mas qual projecto?

mas não deixo o quê?

mas não deixo quem?

a edith piaf o quê?
com quem?
onde?!

manda-me dormir que tenho é sede
manda-me calar que eu não sei porque falo nem sei o que digo
nem porque disse.

manda-me flores,
manda-me um rio
deixa-me ir nele.

esperei a carta na palavra perdida na boca mordida.

manda-me um lamento, desses que não se lamentam,

o teu marido era um dragão.
o meu marido é um dragão.

e tu tinhas esta voz, esta, esta voz.

manda-me um lamento,
manda-me um rio
deixa-me ir nele.

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