terça-feira, 20 de outubro de 2015

Um comboio de vento

Eu não sou uma pessoa de quem os olhos consigam viver nas mesmas paisagens.
Tudo é demasiado fácil de memorizar e por isso perde o interesse.
Depois não consigo chegar a sentir saudade.
Isso é mau.
Andei pelos meu 20 anos como quem caminha dentro de um comboio numa viagem de 24 horas.
Gosto mais dos meus 20 anos, do meu coração, do que alguma vez o Chico Buarque será capaz de gostar.
Então,
É assim.
Quero um comboio infinito.
Um mundo em cada janela.
Eu antes memorizava os meus pensamentos durantes dias e dias até ter um papel.
Agora já fiz mais de vinte anos.
Já nada é assim, como dantes.
Eu sou um movimento, um vento em centrifugação universal, que ainda nenhum Deus conseguiu desenhar no seu caderno de papel cavalinho.
Depois há as gaivotas a desejar ser atropeladas por mim.
Esta auto-estima.
Ui!
Já me apaixonei por ti 30 vezes, uma por cada ano de vida.
Mas eu detesto Londres.
E para além disso gosto que sejas livre como eu.
Mas um dia vamos encontrar-nos em Málaga e vamos unir a Península Ibérica.
Até lá, landscape and site specific.
Eu adoro montanhas ao contrário da Clarice Lispector.
Não quero estar no topo, quero conseguir ver o topo e continuar a desejar lá chegar desta forma tântrica.
Amo-te dessa maneria que tu me ensinaste, é só isso.

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