sábado, 7 de março de 2009

no fim do rosto

nos cotornos
do teu rosto
vi toda a minha vida passar
onde serás e quem e como
se não me agarrares a cintura
quando eu brinco nos passeios

olhas para mim e já não vês beleza
não me desenhas quando eu me enrolo na cama
não sorris quando te faço sumo de laranja
não choras como um bebé quando eu te deixo

deixas-me

porque sou eu o bebé

estive meia hora na sanita
fiz tanto xixi como fabriquei lágrimas

mas o pior foi o pavor em forma de berro
e depois o outro pavor em forma de berro
como se não houvesse vizinhos
nem amanhã
e a terra não rodasse em volta do sol

o meio peito incendiado
quero ainda assim dar-to todos os dias

todos aqueles em que me deixas
dou-to de faca e garfo se quiseres
o meio peito incenciado.

e de uma maneira ou de outra,
quero dizer-te, todos os meus poemas foram para ti.

1 comentário:

Rui Cancela disse...

Se por mais não houvesse valor nos textos, haveria (porque há) o valor neles que da "desnudez" surge.

Antes assim: impossibilita-se (ou dificulta-se) o comentá-los; possibilita-se (ou facilita-se) o com eles emocionar-mo-nos.